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Como consumir tecnologia de forma consciente?

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Nunca foi tão ruim ser um consumidor de tecnologia. Então, o que podemos fazer em relação a isso?

Essa é a questão do ano, depois que muitas das maiores empresas de tecnologia foram assoladas por escândalos ou acusadas de cometer males necessários para nos oferecer os produtos e serviços que tanto apreciamos.

As entregas instantâneas da Amazon? Elas com certeza são convenientes, mas os funcionários da empresa na Europa protestaram durante a Black Friday, descrevendo suas condições de trabalho como desumanas.

Você pode ter considerado a ideia de excluir sua conta no Facebook depois que a rede social confessou que a Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política, tinha obtido dados de milhões de usuários indevidamente. Se isso não o convenceu, talvez a brecha de segurança que expôs informações de 30 milhões de contas da rede social o tenha feito pensar.

O Google também esteve na mira de seus próprios empregados por desenvolver uma versão censurada de seu mecanismo de busca para a China e por proteger os executivos que foram acusados da má conduta sexual.

Todo esse mau comportamento volta para você. Somos os compradores, usuários e apoiadores dos produtos e serviços que ajudam as grandes empresas de tecnologia a prosperar.

Então, o que fazemos neste momento para nos tornarmos consumidores mais éticos?

“Acho que essa é uma pergunta incrivelmente poderosa”, disse Jim Steyer, diretor executivo da Common Sense Media, organização sem fins lucrativos focada no impacto da tecnologia sobre as famílias. “Este é um momento importante, em que o comportamento do consumidor pode ter um impacto transformacional.”

Conversei com várias pessoas – eticistas, ativistas, ambientalistas e outros – sobre como se tornar um consumidor tecnológico mais capacitado e socialmente responsável. Eis aqui os aspectos com que eles concordaram.

Boicote e crítica

Em primeiro lugar, quando a tecnologia faz algo de errado para você, uma das maneiras mais poderosas de protestar é procurar outro lugar e pedir a seus amigos e familiares que façam o mesmo.

No ano passado, centenas de milhares de clientes abandonaram o Uber em favor de alternativas como a Lyft, após os muitos escândalos da empresa, incluindo repetidas acusações de que ela fingia ignorar o assédio sexual. Essa escolha tornou-se um movimento conhecido como #DeleteUber. Este ano, as pessoas frustradas com o Facebook participaram da campanha #DeleteFacebook.

O impacto financeiro dessas ações pode não ter sido enorme. O Uber continua a crescer (mesmo perdendo dinheiro) e está prestes a fazer uma oferta pública inicial. O Facebook relatou aumento dos lucros, embora o crescimento de usuários tenha desacelerado.

Mesmo assim, o dano a uma marca pode ter muitas repercussões, porque motiva a empresa a mudar seu comportamento, disse Steyer. Tanto o Uber quanto o Facebook, enfrentando uma pressão enorme, modificaram algumas de suas práticas e se comprometeram a melhorar.

“Às vezes, a crítica pública é uma das armas mais importantes que temos”, disse Steyer.

Abrir mão da conveniência em prol da independência

Podemos também optar por algo menos usual – ou seja, levar nossos dados e dinheiro para produtos feitos por fornecedores mais éticos.

Muitas pessoas hesitaram em excluir o Facebook, porque poderia ser uma atitude ineficaz. A rede social é um tudo-em-um, em que podemos descobrir eventos locais, ler notícias, assistir a vídeos e ficar conectados a amigos e familiares. A empresa também possui o Instagram e o WhatsApp, dois dos maiores serviços de compartilhamento de fotos e mensagens.

Largar o Facebook é um aborrecimento, mas não é impossível. Assumir o desafio de encontrar alternativas é um exemplo de como as pessoas podem desistir de algumas conveniências em troca de empoderamento individual, disse ShahidButtar, diretor de defesa da ElectronicFrontier Foundation, organização sem fins lucrativos de direitos digitais.

Não há nenhum substituto direto para algo tão conveniente quanto o Facebook. Mas, se você for paciente, disse Buttar, há opções. Elas podem ser um leitor de RSS, um software para obter um feed abrangente de notícias com curadoria automática; enviar mensagens por um serviço como o Signal, de código aberto; e procurar eventos em serviços como o MeetUp.

A mesma abordagem pode ser aplicada ao Google se você estiver incomodado com seu comportamento. Mesmo que ele ofereça um conjunto abrangente de serviços da web, incluindo notícias, e-mail e mapas, há alternativas para cada um desses produtos.

Usar menos

Você pode fazer um favor ao mundo simplesmente diminuindo seu consumo.

Um bom exemplo: ao comprar na Amazon ou em outros varejistas on-line, pense duas vezes antes de optar pela entrega no mesmo dia ou durante a noite. Mesmo sem levar em consideração o abuso humano do serviço rápido, incluindo abortos de funcionárias grávidas nos armazéns da Verizon, há o impacto ambiental.

A entrega rápida pode envolver múltiplos veículos e várias instalações antes de chegar à sua porta. Portanto, pare e pergunte se você realmente precisa do smartphone ou da vela perfumada para amanhã. Se puder esperar, escolha a entrega normal, que pode levar aproximadamente uma semana.

Você pode reduzir o impacto ambiental ainda mais ao diminuir a frequência com que atualiza a tecnologia. Isso pode ser conseguido mediante a manutenção regular de dispositivos, incluindo smartphones, laptops e tablets.

Vincent Lai, que trabalha para o Fixers’ Collective, um clube social em Nova York que repara dispositivos usados, disse que as pessoas poderiam se fortalecer com o conserto, a manutenção e a modificação de produtos para escapar do ciclo de atualização que as empresas de tecnologia impõem.

Quando seu smartphone parece estar mais lento, por exemplo, tome medidas para acelerá-lo, excluindo algumas fotos e aplicativos para liberar espaço, substituindo uma bateria velha ou reinstalando o sistema operacional.

“Uma das coisas que você pode fazer para ser mais responsável é assumir a posse de suas coisas”, disse Lai.

Pense em seus amigos

O escândalo da Cambridge Analytica este ano ilustra a nossa responsabilidade de pensar nos outros, não apenas em nós mesmos, ao usar a tecnologia.

Quando a Cambridge Analytica trabalhou com um pesquisador que distribuiu um aplicativo de questionário no Facebook para cerca de 270 mil americanos, aqueles que responderam a ele compartilharam sem querer dados sobre seus amigos. Como resultado, as informações pessoais de 87 milhões de pessoas foram coletadas para criar perfis de eleitores e para direcionar mensagens políticas.

O compartilhamento dos dados de amigos poderia ter sido evitado se os usuários do Facebook tivessem conhecimento de suas configurações de privacidade. Uma configuração já extinta era chamada de “Aplicativos Usados pelos Outros”, que controlava a informação que seus amigos compartilhavam sobre você, incluindo seu aniversário e sua cidade.

Em outras palavras, se as pessoas tivessem desativado esse recurso, a Cambridge Analytica provavelmente não teria coletado os dados de seus amigos. E, o mais importante, se aqueles que responderam ao questionário estivessem cientes do potencial de compartilhar informações de seus amigos, poderiam ter optado por não participar.

Mas como você pode ser mais consciente de suas ações se a tecnologia é tão confusa?

A educação é fundamental. Buttar disse que uma rede de 85 grupos que compõem a ElectronicFrontier Foundation Alliance organizou workshops em todos os Estados Unidos para ensinar as pessoas sobre questões como privacidade digital e proteção de dados. E muitos fóruns on-line e publicações rastreiam essas questões de perto.

A ideia é que você não está sozinho. E, se uma empresa dificulta a segurança para você e seus amigos, você pode sair.

“Se estiver realmente desconfortável com os valores de uma empresa, não use seu produto”, disse Steyer.

Fonte: Revista Exame

Fonte da Imagem: Designed by Freepik

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